ABDeC-AL, essas letrinhas me fazem querer falar de três homens que me ensinaram e ainda me ensinam muito, creio que não só para mim, mas para todos que conhecem ou conheceram suas histórias.
O primeiro talvez justamente por este pioneirismo que se destaca. Um italiano chamado Guilherme Rogato, que um dia esteve por aqui visitando, e alguns meses depois resolveu mudar para cá de mala, cuia e câmera. Fotógrafo que cedeu ao encanto das imagens em movimento, nem dá para ter a real dimensão do que era filmar naquela época, nem sei direito qual era o tamanho da câmera, e quantas vezes tinha que se rodar a manivela ou os cuidados para não queimar o filme ou depois conseguir conservá-lo, carregar equipamento pelos quatro cantos da cidade, entre tantas outra coisas. Rogato fez os primeiros documentários alagoanos, fez a primeira ficção alagoana. Contudo após um pouco mais de uma década e menos de 10 filmes voltou a dedicar-se unicamente a fotografia.
O segundo tem seu pioneirismo, mas não é só por isso que se destaca. É um homem, um professor, um crítico, um alagoano criado no cinema, na época em que ainda eram glamurosos os nossos cinemas de bairro. Quando criança brincava de fazer cinema com os gibis e com pedaços de pelicula. Exercitou e exercita o cinema através das aulas, dos escritos, das lembranças, do cotidiano, da sessão de arte que sem ele nem sei se persistiria. Vivenciou o Festival de Penedo e é autor de três das quatro obras que documentam a história do cinema alagoano, Panorama do Cinema Alagoano, Cine Lux e Rogato, sim estou falando de Elinaldo Barros, que transpira cinema desde criança.
O terceiro é pernambucano e é responsável pela primeira representação alagoana destas letrinhas que citei lá no começo, mesmo achando que elas só deviam ser cinco e não sete. Pois é se não fosse Hermano Alagoas não teria a Associação Brasileira de Documentaristas, mas não seria só isso não. A paixão de Hermano por nossa terrinha, permitiu que ele reanimasse, contagiasse, inspirasse a produção e iniciativa audiovisual aqui. Sem Hermano não teriam as primeiras oficinas, as mostras em barrigas, jangadas acesas, paredes, telas. Ele, seu rolos e seu projetor 16mm tem muita história para contar. Não teria DocTv, nem Olhar Brasil, nem ABDeC-AL. É certo que temporariamente temos e não temos Hermano, rs
Toda história merece ser contada e se hoje eu começo por eles e relato apenas as conquistas não é para apagar toda superação, dificuldade, solidão e falta de reconhecimento do percurso de cada um. É apenas para ressalvar o que sabemos desde o momento que aceitamos compor este grupo, de que é preciso persistir e enfrentar as adversidades, como eles fizeram. E na maioria das vezes fizeram sem ajuda, talvez para que hoje a gente saiba que pode fazer só também, mas que será bem melhor fazer junto. Devemos honrar e homenagear a história deles e continuar escrevendo, contando, produzindo e filmando as nossas histórias.
Larissa Lisboa
Diretora de Comunicação da ABDeC-AL
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